3.30.2007

Nós


Autor:

Braços que abraçam outros braços em abraços apertados
magoados ou vazios.
Braços entre nós e laços entrelaçados em nós.
Entre nós e os braços.
Os laços.Os braços.
E nós num nó perdidos no meio de nós.
Nós cegos.
Nós e os nós...

3 Comments:

Blogger José Pedro Viegas said...

A ARTE DE SER FELIZ



Houve um tempo em que minha janela

se abria sobre uma cidade que parecia

ser feita de giz. Perto da janela havia um

pequeno jardim quase seco.

Era uma época de estiagem, de terra

esfarelada, e o jardim parecia morto.

Mas todas as manhãs vinha um pobre

com um balde e, em silêncio, ia atirando

com a mão umas gotas de água sobre

as plantas. Não era uma rega: era uma

espécie de aspersão ritual, para que o

jardim não morresse. E eu olhava para

as plantas, para o homem, para as gotas

de água que caíam de seus dedos

magros e meu coração ficava

completamente feliz.

Às vezes abro a janela e encontro o

jasmineiro em flor. Outras vezes

encontro nuvens espessas. Avisto

crianças que vão para a escola. Pardais

que pulam pelo muro. Gatos que abrem

e fecham os olhos, sonhando com

pardais. Borboletas brancas, duas a

duas, como reflectidas no espelho do ar.

Marimbondos que sempre me parecem

personagens de Lope de Vega. Às

vezes um galo canta. Às vezes um

avião passa. Tudo está certo, no seu

lugar, cumprindo o seu destino. E eu me

sinto completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas

felicidades certas, que estão diante de

cada janela, uns dizem que essas coisas

não existem, outros que só existem

diante das minhas janelas, e outros,

finalmente, que é preciso aprender a

olhar, para poder vê-las assim.

Cecília Meireles

3/30/2007  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

4/06/2007  
Anonymous Anónimo said...

Muitas amendoas e poucos coelhos, Maria Mysteri. Beijos

4/08/2007  

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